Artigos // Postado no dia: 25 abril, 2025

Geração Distribuída: Panorama Jurídico e Perspectivas no Brasil

Introdução 

A geração distribuída (GD) representa uma revolução no setor elétrico brasileiro, permitindo que consumidores produzam sua própria energia elétrica a partir de fontes renováveis e injetem o excedente na rede de distribuição. Este modelo descentralizado tem transformado a matriz energética nacional, impulsionado inicialmente pela Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012 e, atualmente, pela Resolução Normativa nº 1.059/2023. 

Marco Legal e Regulatório 

O panorama jurídico da geração distribuída foi significativamente alterado com a Lei nº 14.300/2022, que estabeleceu o Marco Legal da Microgeração e Minigeração Distribuída. Esta legislação trouxe segurança jurídica ao setor, estabelecendo regras claras para: 

  • Compensação de energia elétrica 
  • Transição para cobrança gradual pelo uso da rede 
  • Direitos adquiridos para consumidores já conectados 
  • Licenciamento ambiental simplificado 

A nova legislação equilibrou interesses ao criar um período de transição para a cobrança de componentes tarifários, protegendo investimentos realizados e ao mesmo tempo garantindo a sustentabilidade do sistema. 

Vantagens Jurídicas 

Do ponto de vista jurídico, a GD oferece vantagens consideráveis: 

  1. Contratos de longo prazo: Garantia de estabilidade nas regras para projetos existentes 
  1. Previsibilidade econômica: Regulamentação clara sobre compensação de créditos energéticos 
  1. Segurança jurídica: Marco legal específico reduz riscos regulatórios 

Modalidades e Possibilidades Jurídicas 

A legislação atual contempla diversas modalidades de geração distribuída, cada uma com suas particularidades jurídicas: 

  • Autoconsumo remoto: Permite compensação em unidades consumidoras do mesmo titular 
  • Múltiplas unidades consumidoras (condomínios): Rateio da energia entre condôminos 
  • Geração compartilhada: Viabiliza cooperativas ou consórcios de energia 

Desafios Jurídicos Atuais 

Apesar dos avanços, persistem desafios que demandam atenção jurídica: 

  • Regulamentação específica em âmbito estadual e municipal 
  • Questões tributárias sobre a energia injetada na rede 
  • Licenciamento ambiental (mesmo que simplificado) 
  • Contratos de locação de áreas para instalação de sistemas fotovoltaicos 

Perspectivas Futuras 

A evolução regulatória da geração distribuída no Brasil aponta para: 

  • Implementação gradual das tarifas pelo uso do sistema 
  • Desenvolvimento de mercados locais de energia 
  • Integração com sistemas de armazenamento (baterias) 
  • Novas modalidades de compartilhamento de energia 

Conclusão 

A geração distribuída representa não apenas uma revolução tecnológica, mas também jurídica no setor elétrico. O direito energético exerce papel fundamental na estruturação de projetos, mitigação de riscos regulatórios e maximização de oportunidades, sendo que o marco legal atual proporcionou estabilidade, mas a dinâmica do setor demanda constante atualização jurídica para navegar com segurança neste ambiente em transformação. 

Voltar